Economistas: Fim do subsídios na importação de combustível poderá agravar o custo de vida

Economistas vaticinam que o fim da comparticipação do Banco de Moçambique na factura de importação de combustíveis vai agravar as condições de vida dos cidadãos.

O Banco de Moçambique anunciou que, doravante, deixa de apoiar a importação de combustíveis, uma decisão que não foi bem acolhida por economistas e empresariado.

A economista Estrela Charles disse que, em 2022, o Banco Central tinha como objectivo principal controlar a inflação, e por via disso, a taxa de câmbios não registou grandes oscilações.

“Isso significa que o Banco de Moçambique usou as reservas que tinha, de cerca de seis meses, para evitar oscilações na taxa de câmbios, mas, neste momento, já não tem como usar as reservas para estabilizar a taxa de câmbio, e já está com dois meses de reservas”, disse aquela economista.

Charles enfatizou que “as reservas estão no limite, porque estamos com dois meses de importação e nós sabemos que o nosso país é todo ele consumidor e depende de importações”.

Referiu que Moçambique “não pode ficar com menos de dois meses de reservas internacionais liquidas, porque para aquisição de combustíveis, armamento e outras coisas que precisamos, o Banco de Moçambique terá muitas dificuldades”.

O Banco Central diz que há excesso de divisas no mercado e, portanto, quer enxugá-las e está a fazer isso de duas formas, cortando o apoio à importação de combustíveis e aumentando a taxa de reservas obrigatórias para a moeda estrangeira, ou seja, tudo aquilo que é excesso de divisas existentes na banca nacional.

Mas para aquela economista, “a nossa banca é bastante instável e pode dar-se o caso de não existir esse excesso de divisas que o Banco de Moçambique está a prever, e não existindo, significa que haverá muita procura de divisas e isso pode levar ao aumento da taxa de câmbio”.

Ela disse que um aumento da taxa de câmbio significa que todos os bens e serviços vão aumentar, incluindo o próprio combustível, pelo que há um risco muito elevado de a política que está a ser implementada pelo Banco de Moçambique não ser eficaz, exactamente pelo aumento da taxa de câmbio.

Por seu turno, o economista Egas Daniel disse ser necessária uma maior coordenação entre o Banco de Moçambique e outros actores envolvidos na importação de combustíveis, para evitar disrupções derivadas de uma eventual falta de divisas.

O presidente da Confederação das Associações de Moçambique, Agostinho Vumba, mostrou-se preocupado com as medidas que o Banco de Moçambique tem vindo a adoptar, e defende medidas de política monetária ajustada à realidade económica do país.

Entretanto, a administradora do Banco de Moçambique, Silvina de Abreu, disse que a comparticiparão do Banco Central nas facturas de importação de combustíveis remonta de 2005 e chegou a ser de 100 por cento, porque havia grandes montantes que variavam de 10 a 20 milhões de dólares numa só factura, tornando-a insuportável para um banco ou conjunto de bancos suportá-la”. Fonte: VOA

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