No Dia Africano de Luta contra a Corrupção, especialistas dizem que há mais conversa do que compate ao fenómeno. A corrupção em Moçambique está a aniquilar, de forma clara, a eficácia da Administração Pública, colocando o país numa situação bastante perigosa, dizem analistas, na celebração, nesta segunda-feira, 11, do Dia Africano de Luta contra a Corrupção.
O jurista Tomás Vieira Mário faz notar o facto de que o discurso do Presidente da República, Filipe Nyusi, tem reiterado a vontade política de combater a corrupção, realçando, no entanto, que a luta contra este mal não tem sido bem sucedida.
“De forma clara, a corrupção está a aniquilar a eficácia da Administração Pública, e como estamos todos testemunhando, a guerra contra este mal não tem tido sucesso algum, pelo contrário, Moçambique perdeu esta guerra”, realça aquele analista político.
Vieira Mário refere que “quando nós temos dirigentes ao alto mais nível dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE, na cadeia e dezenas de funcionários da Migração e da Investigação Criminal a serem processados, significa que temos toda a estrutura central de segurança do Estado em perigo, e a causa é a corrupção”.
Para o sociólogo Moisés Mabunda, a corrupção colocou o país numa situação bastante perigosa, até mesmo como Estado, afirmando que há várias décadas que se fala da desvastação de florestas moçambicanas, mas sem uma acção para travá-la.
“Há anos que a comunicação social e organizações da sociedade civil vêm denunciando situações de camiões e camiões transportando não se sabe quantas toneladas de madeira no país, toda a gente sabe qual é a fonte que está a devastar Moçambique nas suas madeiras”, lamenta Moisés Mabunda, quem critica o facto de a corrupção e outras práticas ilícitas serem combatidas em forma de campanha.
Por seu turno, Lázaro Lourenço, do Grupo Moçambicano da Dívida, refere que o discurso anti-corrupção já é antigo, mas não tem sido consequente.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção, tutelado pela Procuradoria-Geral da República, promoveu hoje em Maputo uma reflexão sobre o Papel dos Gestores Públicos e dos Órgãos de Controlo interno e externo na Gestão Transparente dos fundos da Covid-19.