Trata-se de alunos da 6a e 10a classe, de seis escolas na Cidade de Maputo. O projecto denomina-se Reciclagem e Criação Artística e visa ensinar às crianças boas práticas ambientais através da reciclagem de resíduos sólidos.
A cada dia que passa, intensificam-se os debates sobre as mudanças climáticas e os seus impactos. Aliás, com o aquecimento global, as cheias, as inundações, os ciclones e outros eventos climáticos extremos fustigam o mundo em proporções nunca antes vistas.
Isto não surpreende os ambientalistas, que entendem que a natureza está a retribuir os males que o Homem a tem causado.
Face a estes cenários, a mudança de comportamento ajudaria a travar esta revolta.
A start-up Valor Green, vocacionada à educação ambiental, através do projecto Reciclagem e Criação Artística, entende que seja preciso “educar o menino de hoje para não repreender o adulto do amanhã”.
“Não herdámos a terra dos nossos ancestrais, tomámo-la emprestada das nossas futuras crianças. Portanto, é preciso cuidar do ambiente a pensar nas próximas gerações”, considerou Alice Pelembe, mentora da iniciativa e oficial de programa do projecto.
De Abril a Junho, 57 alunos da 6a e 10a classe de escolas primárias e secundárias beneficiaram-se de educação ambiental, nomeadamente: Escola Primária Completa da Imaculada, Escola Primária Completa Polana Caniço “A”, Escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, Escola Secundária 12 de Outubro, Escola Comunitária Armando Emílio Guebuza e Centro de Acolhimento Kandlelo.
O projecto denominado Reciclagem e Criação Artística e pertence à activista ambiental Alice Pelembe.
“Tivemos uma primeira fase, que foi a teórica, em que os meninos aprenderam a diferenciar os tipos de resíduo, aprenderam ainda sobre as cores na reciclagem. Depois, passamos para a fase prática, que foi a reutilização de matérias como garrafa pet, saco plástico, redes de pesca entre outros”, explicou a activista.
Charifo Herkelly, de 15 anos de idade, aluno da 10ª classe na escola Secundária Mateus Sansão Mutemba, foi um dos beneficiários do projecto. Ele explica a relação Homem–Natureza com domínio e fala dos problemas ambientais com propriedade.
“Nós temos de cuidar do meio ambiente. São sérios os problemas ambientais que eles causam, se uma garrafa plástica leva quatro séculos para se decompor, imagine 100 garrafas. Os ciclones que vemos também estão relacionados a esses problemas”, disse.
Quem também está atento às más práticas humanas contra a natureza é Rogério Saia, aluno da Escola Secundária 12 de Outubro.
“O Homem tem prejudicado o meio-ambiente jogando lixo ao chão, descantando plástico de forma desnecessária, não tendo em conta o mal que isso fará às gerações futuras, porque as gerações futuras são as que sofrem”, afirmou.
O projecto teve apoio da Embaixada de Portugal, que explica a sua importância num mundo que vive os impactos das mudanças climáticas e debate crimes ambientais.
“Vai ser ainda difícil tentar explicar a alguém de 30 ou 40 anos por que motivo não deve deitar lixo na rua do que a estas crianças. Eles serão os melhores embaixadores desta causa. Portanto, é indispensável percebermos que eles absorveram muito bem estes ensinamentos”, disse Patrícia Pincarilho, directora do Centro Português de Cooperação.
Os alunos absorveram tão bem os conhecimentos, que prometem passá-los aos outros.
“A minha contribuição será ensinar aos outros alunos e a todo o mundo que reciclar é melhor do que deitar fora”, disse um aluno, e uma aluna acrescentou “reduza, recicle e reutilize”.
Em cada umas das seis escolas abrangidas, foram também criados clubes ambientais, e os pequenos activistas recém-formados serão embaixadores.
Fonte : O Pais