O ministro da Saúde moçambicano pediu ontem que os médicos interrompam a greve de 21 dias que arrancou na segunda-feira, referindo que se deve dar “primazia à vida e à saúde da população”.
“Nós estamos aqui a apelar à associação médica para que considere a possibilidade de interromper a greve”, disse Armindo Tiago, durante uma conferência de imprensa no Ministério da Saúde, em Maputo.
A Associação Médica de Moçambique (AMM) está no terceiro dia da greve em protesto contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
Armindo Tiago reiterou o interesse do setor da saúde em manter o diálogo com os profissionais, referindo que os médicos e o Governo têm a mesma missão: “Garantir melhores cuidados de saúde à população”.
“Independentemente dos diferendos que possamos ter no setor da saúde, a primazia deve ser dada à vida e à saúde e qualquer outro elemento deve ser secundário”, frisou o ministro.
Sobre a mudança das equipas negociais no diálogo, uma das queixas dos médicos, o governante disse que em função das circunstâncias a equipa pode ser alterada, mas o importante é a manutenção dos técnicos e da “memória institucional”.
“O que se pretende na negociação é a manutenção da memória institucional e ela está garantida”, vincou.
O ministro avançou que alguns dos pontos das revindicações dos médicos, relacionados com o salário, enquadramento na nova tabela salarial da função pública e horas extras estão a ser resolvidos desde junho.
Armindo Tiago reconheceu atrasos no pagamento de horas extraordinárias aos médicos, reiterando que as dívidas anteriores a 2020 serão pagas este mês e as de 2022 e 2023 vão ser pagas a partir de agosto.
De acordo com o ministro da Saúde, há um total de 44 médicos que tiveram reduções de salários na sequência da implementação da nova tabela salarial, dos quais 16 já têm a situação salarial regularizada desde junho e os restantes 28 profissionais serão pagos neste mês.
Esta é a segunda greve dos médicos em menos de um ano, após a suspensão de uma outra convocada em dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado, segundo a classe médica.
Fonte ; Folha de Maputo