A incerteza de assistência alimentar e as tensões geradas na competição pelo acesso a terra entre as vítimas da insurgência e famílias acolhedoras, em Cabo Delgado, precipitou movimentos de regresso dos deslocados para locais inseguros, tornando-os alvo fácil de novos ataques e realimentando o conflito, disse à VOA nesta quinta-feira, 11, sociólogo moçambicano João Feijó.
Sem produção agrícola, por um lado devido às disputas por terras aráveis para cultivo com os nativos, e por outro, devido ao fracasso na colheita, muitos deslocados viram-se abraços com a fome, situação agravada com a limitação de assistência humanitária por falta de recursos.
“Se na primeira época as coisas correram relativamente bem, quando chegamos nos finais de 2021, os donos das terras começaram um movimento de exigir dinheiro as populações deslocadas (totalmente descapitalizadas), e quando no final do ano começa a haver várias interrupções na ajuda alimentar a população sente a necessidade de regresso”, disse João Feijó, investigador do Observador do Meio Rural.
O também autor de um estudo sobre a caracterização das condições socio-económicas dos deslocados internos, em Cabo Delgado, observou que a maior parte da população deslocada tem menos recursos e concentrou-se nas zonas mais inseguras ou em centros temporários, e largamente dependentes de apoio humanitário.
De: Francisco Jovo