“Chapeiros” integrados nas cooperativas e associações de transportes de passageiros da região do Grande Maputo, mesmo de outras capitais provinciais, ainda não receberam o dinheiro de compensação prometido pelo Governo, para minimizar os custos operacionais enquanto se criam mecanismos de subsídio ao passageiro.
Segunda-feira, dia 4 Julho, começou sem transporte, na zona metropolitana do Grande Maputo; a população inundou paragens e terminais e outras pessoas ainda foram caminhando pelas ruas e avenidas das cidades de Maputo e Matola, incluindo as vilas de Marracuene e Boane. No mesmo dia, o Governo, através do Ministério dos Transportes e Comunicações, anunciou medidas para conter os altos custos dos combustíveis e uma dessas medidas é compensar os transportadores enquanto se criam mecanismos de compensação ao passageiro.
Ambrósio Sitoe, porta-voz do Ministério dos Transportes e Comunicações, falou à imprensa das medidas tomadas e que deviam ser executadas dentro de duas semanas: “O Governo adoptou um mecanismo sobre o qual, enquanto o processo organizativo de fazer chegar o subsídio ao transportado ocorre, os transportadores serão compensados naquilo que é o défice de exploração para continuarem a operar”.
Uma semana depois deste anúncio, os transportadores ainda não receberam o dinheiro da compensação. Alexandre Ngove, que preside à cooperativa de transporte da Matola, conta o que está, neste momento, a acontecer: “Nós fomos consultados e informados para activar e actualizar os dados bancários de cada gestor; é o que fizemos até agora, não sabemos quanto é que vamos receber”.
A situação ocorre também nos transportadores informais: “Ainda não recebemos, até amanhã, vamos ter reunião com o vereador dos Transportes e Trânsito da Cidade de Maputo. Ele quer perceber quais são os números que estão envolvidos na compensação”, disse Baptista Macuvele, presidente da Associação dos Transportadores da Cidade de Maputo.
António Tsucana, presidente da COTRAC, diz que o modelo de subsídio que se vai implementar não é sustentável: “Esta é uma medida dedicatória porque a medida acertada seria compensar a tarifa e não o transportador ou o transportado”.
A esta altura, o melhor é ter fé, diz José Massango, que preside à União dos Transportadores da Província de Maputo: “Pela fé que temos, há expectativa, confiamos no nosso Governo, se alguém promete como pai, o filho sempre alimenta esperança”.
O presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane, diz que nenhum dos seus membros recebeu, até agora, o valor de compensação, mas decorrem negociações com o Governo. A agremiação reuniu-se, hoje, para discutir a situação do sector de transporte.
“Neste momento, estamos a trabalhar com a Agência Metropolitana de Transporte de Maputo e o Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações para chegarmos à fórmula correcta que se vai usar para calcular esses valores da compensação ou do subsídio ao transportado ou ao transportador, porque, no nosso entendimento, independentemente de onde vai o subsídio, acaba por beneficiar o transportador.”
Sabe-se, no entanto, que este subsídio se destina a transportadores devidamente licenciados, isto é, não abrange os “chapeiros” informais.
Do Ministério dos Transportes e Comunicações, o que se sabe é que, para já, não há nenhuma informação em torno das compensações.