Os transportes semi-colectivos de passageiros, vulgo “chapa”, continuam paralisados na cidade da Beira. Os “chapeiros”, que pretendem, com esta iniciativa, pressionar o Município a autorizar a aplicação da nova tarifa, garantem que a paralisação dos transportes vai continuar até amanhã, dependendo dos resultados das negociações entre a edilidade e o sector dos transportes.
Na segunda-feira, primeiro dia da paralisação, o presidente da Associação dos Transportadores da Beira (ATABE) acusou a edilidade de manobras dilatórias para não autorizar a entrada em vigor da nova tarifa e alegou falta de diálogo. A edilidade já respondeu às acusações e afirmou que é má-fé por parte do presidente da ATABE.
A vereadora para a Área dos Transportes, Flora Impula, explicou que, de acordo com a lei, depois da aprovação dos novos preços dos “chapas” pela Assembleia Municipal, o expediente deve ser enviado para o Ministério dos Transportes e Comunicações para a sua ratificação.
“Tal facto aconteceu no passado dia 17 de Junho e com conhecimento da associação dos transportadores, por isso achamos que eles estão a agir de má-fé ao promoverem a paralisação dos seus transportes, pois sabem que a autorização final para a entrada em vigor das novas tarifas não depende da edilidade. Estamos solidários com as dificuldades que estão a passar derivado dos custos de manutenção e combustíveis, mas é lamentável que este assunto seja tratado como se não houvesse abertura para diálogo da nossa parte. Aliás, na passada sexta-feira, num encontro com a direcção da ATABE, falamos sobre isso, mas, ontem, surpreenderam-nos com paralisação. Vamos continuar a articular com eles para resolver o problema de forma pacífica”, garantiu Flora Impula
Impula dirigiu-se, depois, de forma particular, ao presidente da ATABE: “É importante que ele tenha um jurista para lhe assessorar, para que não incorra a erros derivados da má interpretação da lei. As leis são dinâmicas, e temos que estar sempre atentos para evitar situações como estas”.
Enquanto a edilidade e a ATABE não se entendem, os utentes dos “chapas” continuam a enfrentar inúmeras dificuldades para chegarem aos seus destinos, percorrendo vários quilómetros a pé ou socorrendo a carrinhas de caixa aberta, vulgo “my love”, e táxis-mota.
“Eu gasto, por dia, cerca de 200 Meticais pagando a um táxi-mota, para garantir a minha movimentação de casa para serviço e vice-versa. Rogo as autoridades para autorizarem definitivamente o aumento da tarifa dos ‘chapas’, pois, com os novos preços, gastarei 50 Meticais por dia, contra os anteriores 40 que eu gastava antes da subida de preço. Portanto, vale pena gastar 50 Meticais que 200 MT”, afirmou Rafael Caetano, passageiro.
A Polícia, que reforçou, ontem, a sua presença nas rodovias e principais paragens, deteve três jovens cobradores de “chapas”, indiciados de vandalizar viaturas, com o objectivo de impedir que os proprietários transportassem passageiros desde o bairro Cerâmica até ao centro da cidade.
Recorde-se que está agendado, para amanhã, um encontro entre os transportadores, o Município da Beira e o Ministério dos Transportes e Comunicações, para solucionar o problema de paralisação de “chapas” na Beira.
Fonte: O País