Graça Machel aconselha PALOP a inspirar-se na governação de Cabo Verde

 

Graça Machel, activista social moçambicana destacou ontem, na cidade da Praia, a governação “serena, dinâmica e estável” de Cabo Verde e sugeriu a partilha de alguns desses “bons exemplos” pelos remanescentes Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Em declarações aos jornalistas após uma audiência com José Maria Neves, Presidente da República de Cabo Verde, a activista social começou por saudar a governação “muito serena, muito aberta, dinâmica e com estabilidade” por parte do arquipélago.

Dando ênfase aos “sucessos marcantes” no desenvolvimento, Graça disse que os outros Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) deveriam partilhar essas experiências e essas trajectórias.
“De maneira que alguns dos bons exemplos de Cabo Verde possam também inspirar Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe”, sustentou, renovando a ideia da alternância na governação e na estabilidade no arquipélago cabo-verdiano.

“Cabo Verde é já um país considerado de desenvolvimento médio, o único nos PALOP que atingiu esse nível, e isso foi conseguido não na base de recursos naturais muito avultados como se tem noutros países, mas investiu-se muito bem no desenvolvimento do capital humano, que tem sido capaz de inovar, transformar, levar as instituições do Estado, a economia, a sociedade a atingir os níveis que tem vindo a atingir”, disse Graça, citada pela agência de notícias Lusa.

Apesar dos sucessos, a activista constatou que Cabo Verde ainda tem desafios, como a eliminação das desigualdades sociais, redução da pobreza ou o alcance da igualdade de género.
“Não há estádio de desenvolvimento nenhum que seja perfeito, é preciso construir na base daquilo que já se conseguiu e fazer o melhor”, sugeriu.

Graça Machel está neste país africano a convite do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, tendo participado no sábado numa conversa com o chefe do Governo sobre questões de desenvolvimento, educação, igualdade de género e luta contra a pobreza.

A conversa, que aconteceu no Museu da Resistência, no ex-campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, foi enquadrada no CV Next, evento para promover a ciência, tecnologia e inovação e projectar Cabo Verde para futuro, promovido pelo Governo.

Na tarde de ontem, foi convidada especial do Instituto Pedro Pires para a Liderança (IPP) para falar sobre os desafios da liderança feminina, que ocorre no dia do nascimento de Amílcar Cabral, em 1924, sendo que se este fosse vivo faria 98 anos (foi assassinado em 20 de Janeiro de 1973).
Graça disse que o facto de estar em Cabo Verde no dia do nascimento de Amílcar Cabral é uma “coincidência genial” e uma “peregrinação espiritual” estar na terra também de Aristides Pereira e Pedro Pires.

Quando lhe questionada sobre como vê a valorização da figura de Amílcar Cabral no país e no mundo, a ativista percebe que ainda há muito espaço que não está a ser utilizado para esse fim, considerando que é preciso introduzir os valores que representa nas instituições do Estado e do ensino, especialmente as universidades.

“Todos os povos têm de ter a sua solidez e a sua estabilidade enraizada nos seus próprios valores e internalizar aquilo que eles são. O mundo oferece referências, mas as maiores referências têm de ser nacionais”, defendeu.

Amílcar Cabral foi fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países. (MZnews)

 

De: Custódio Persidónio Cossa

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