O caos caracterizou, na quarta-feira (23), as eleições no Zimbabwe, onde os materiais de votação chegaram tarde à maioria das assembleias de voto nas zonas urbanas, fazendo com que o Presidente Emmerson Mnangagwa prolongasse a votação até ontem quinta-feira, (24 de Agosto).
A votação em várias assembleias de voto, especialmente em Harare e Bulawayo atrasou várias horas devido à chegada tardia dos boletins de voto, enquanto em dezenas de mesas de voto instaladas em assembleias de voto pela Forever Associates Zimbabwe (FAZ), um alegado núcleo da ZANU-PF, os eleitores foram solicitados a apresentar os seus nomes e detalhes de contacto logo após votarem.
A polícia do Zimbabwe confirmou ontem, quinta-feira, a prisão de 39 activistas num hotel, em Harare, acusados de preparar projecções sobre os resultados eleitorais, com a intenção de divulgar os números antes do anúncio oficial da Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC). A polícia e o governo alertaram contra a divulgação de resultados não oficiais no período que antecedeu as eleições.
Ao longo desta semana, a polícia e funcionários do governo sublinharam que a ZEC, e apenas a ZEC, poderia divulgar os resultados. “O Hotel Holiday Inn em Harare foi invadido pela polícia e foram apreendidos vários dispositivos de comunicação, incluindo computadores portáteis, smartphones, telefones comuns e modems”, disse o porta-voz da polícia, Paul Nyathi.
No início do dia, Roselyn Hanzi, directora dos Advogados para os Direitos Humanos do Zimbabwe, disse ter sido informada de que um grupo que contava com cerca de 40 pessoas foi preso e que os escritórios de dois grupos da sociedade civil foram invadidos. Os suspeitos foram detidos sem acesso aos seus advogados e foram impedidos de fazer chamadas, acrescentou ela.
A polícia suspeita que o grupo esteja ligado à Rede de Apoio Eleitoral do Zimbabwe (ZESN) e ao Centro de Recursos Eleitorais. ″Os zimbabueanos devem ser pacientes enquanto continua a contagem dos votos″, disse Nyathi.
“Não pode haver sinal mais claro do profundo pânico do partido no poder do que esta acção drástica e flagrante”, disse o porta-voz da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), Charles Kwaramba, num comunicado.
Kwaramba acrescentou que a acção policial foi “uma extensão extrema” da acção governamental no período que antecedeu a votação, “quando a mídia, activistas e observadores foram barrados ou deportados do país”.
Votação prolongou-se até ontem
O Presidente Emmerson Mnangagwa emitiu uma ordem para permitir a continuação da votação por mais um dia, devido a atrasos na chegada dos boletins de voto. A votação continuou até às primeiras horas de ontem, quinta-feira (24), nas cruciais eleições gerais do Zimbabwe, as segundas desde a saída de Robert Mugabe, num golpe de Estado em 2017.
Até às 23h00 de quarta-feira, algumas assembleias de voto em Harare, a capital do país, ainda não tinham recebido os boletins de voto. A disparidade aguda de votação entre os centros urbanos e o resto do país levanta questões sobre a igualdade no acesso dos eleitores. Algumas assembleias de voto abriram sete horas depois devido à chegada tardia dos materiais.
Fonte: Carta Moz