Qual ovo de colombo, a baía de Maputo foi pequena demais para acolher, sábado, no seu bojo, milhares de pessoas que testemunharam “in loco” a retoma, três anos depois, do Maputo Air Show. Um festival aeronáutico que deixou milhares em êxtase.
Mais de trinta aeronaves, pilotadas por moçambicanos e estrangeiros, cruzaram os céus para abrilhantar o evento. Não foi apenas um momento de geração de grandes emoções pelas manobras praticadas pelos pilotos, mas também de celebração da história.
História, sim senhor, na medida em que algumas aeronaves alinhadas para fazerem o “show” no Maputo Air foram usadas durante a Segunda Guerra Mundial, para além de servirem em acções humanitárias.
A título de exemplo, o Mustang P-51, que proporcionou um grandíssimo espectáculo com manobras como “looping” e curvas acentuadas (step turning), foi uma parte inestimável para o sucesso dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. O P-51 forneceu à Força Aérea dos EUA uma escolta de caça de alto desempenho, alta altitude e longo alcance.
Na corrida entre “Jet Ski” e o helicóptero Allouete II (aeronave cujas versões militares eram usadas essencialmente para situações de fotografia aérea, observação, salvamento marítimo, ligação e treino), houve momentos de pura adrenalina quando a aeronave fez, em três passagens, uma tentativa de passar as máquinas aquáticas com capacidades para velocidade de 130 Km/h.
Desfilaram ainda aeronaves (Puma Flying Lions Sunset) em voos de formação e em altitudes diferentes, fazendo voltas de 360°. Ademais, com um movimento de formação, as aeronaves nas quais se destaca uma na qualidade de líder culminavam com “break” (a desfazerem-se). Pesadas, e com motores super-potentes, as aeronaves faziam ainda a “pirueta” depois de colocarem o “nariz” do avião em cima. Grande espectáculo, salva de palmas do público.
À medida que a tarde se aproximava, cresciam as emoções. Fizeram passagens pelos céus de Maputo a aeronave de fumigação (que hoje está ao serviço da Açucareira de Xinavane), helicóptero Bell (com alcunha Tiger Huey), uma aeronave que se notabilizou na guerra do Vietname em acções de salvamento bem como de ataque de canhões.
Cada uma com as suas manobras, cada uma com as suas capacidades para entreter o público. O voo “Marksmen Pyro”, já ao pôr do sol, fez subir a adrenalina com um espectáculo de fogo-de-artifício nas duas asas da aeronave. A complementar uma carga, e em simultâneo, de espectáculo pirotécnico soltado da terra. Era o complemento do conceito do Maputo Air Show: emoções no ar, terra e mar.
Exibição de paraquedismo, marcada por um exercício de salvamento de um paraquedista que caiu na água, foi também dos momentos de uma tarde para não esquecer. Aliás, este momento não passou de um risco calculado, ou seja, demonstração de capacidade de salvamento no mar.
PÚBLICO EM PESO
Enormes filas logo à entrada da Praça Robert Mugabe. Público ávido em marcar lugar privilegiado, e com boa vista, para acompanhar “in loco” o Maputo Air Show. O ambiente, carregado de enormes expectativas e emoções, antes mesmo de o show iniciar, já denunciava enchente e a confirmação do alerta deixado pela organização: bilhetes esgotados ainda na terça-feira.
Crianças, jovens, adultos e idosos com os olhos fixos sobre os céus. Este era o cenário próximo à rede de protecção sobre a Baía de Maputo, uma das medidas de segurança para evitar incidentes. Afinal, é do ar que se gerava um ruído que fazia subir, a cada plano de voo e acrobacia, a adrenalina. Os registos com máquinas profissionais e telemóveis de diversas gerações não podiam faltar. Pois, no fim, há sempre uma experiência para partilhar com os próximos. Um momento e experiência únicas.
O conceito família foi o maior ganho do Maputo Air Show, tal como a organização definiu. De resto, muitas famílias se reuniram, sábado, para passar um dia diferente na Baía de Maputo.
Impecável, a organização preparou tudo ao pormenor com a colocação de equipas do INAMAR, Polícia Pesqueira, Clube Naval (que disponibilizou “jet ski” para apoiar o Aero Clube de Moçambique).