A Associação Médica de Moçambique (AMM), anunciou na semana passada (02 de Dezembro) numa conferência de imprensa, que vai paralisar as suas actividades durante 21 dias prorrogáveis. A greve teve início nesta segunda-feira em todo território nacional, na sequência da falta de entendimento nas negociações com o governo.
No anúncio feito, o Presidente da Associação Médica de Moçambique Milton Tatia, revelou que vários sectores vão ficar paralisados desde as consultas externas incluindo as áreas de atendimento especial ou personalizado, cirurgias electivas, exames auxiliares e procedimentos médicos de diagnóstico, autópsias, actividades de saúde pública, actividades de ensino e de tutoria em todas as instituições de formação em saúde do sector público.
Contudo, o Secretário-geral e porta-voz da Associação Medica de Moçambique, Napoleão Viola afirmou que, para não colocar em risco a saúde e vida da população, existem escalas que estão a ser criadas a nível nacional para garantir que haja médico para realizar os serviços minímos que sejam necessários para que população tenha acesso aos serviços.
Já Tatia destacou que o processo reivindicativo da classe médica relativa aos direitos e deveres dos médicos tem mais de 20 anos, e que existe uma série de pontos que não foram levados em conta, e a situação piorou bastante com a implementação da Tabela Salarial Única (TSU). No entanto, o presidente da AMM reconhece que das reclamações feitas, algumas foram resolvidas pelo governo.
Por outro lado, o Secretário-geral e porta-voz da Associação Médica de Moçambique Napoleão Viola, referiu que existe um acordo que o governo deve rever em relação ao subsídio de turno, que foi reduzido de 30% para 7,5%.” Acrescentou dizendo que na reivindicação pedem também a reposição dos 30%”.
A implementação da Tabela Salarial Única (TSU) segundo o Presidente da Associação Médica de Moçambique demonstrou ser uma prova de retrocesso em relação aos direitos adquiridos dos médicos, pelo facto do seu preponente implementador ter decidido fazer sem o necessário e efectivo envolvimento dos principais beneficiários e afectados.
“Infelizmente a TSU veio corroer parte substancial dos direitos adquiridos pelos médicos que ainda não estavam cabalmente compridos. Tendo o governo reduzido os direitos dos médicos através da TSU, a associação enviou cartas ao governo a pedir a reposição destes direitos, porém não teve nenhuma resposta” Enfatizou.
Ainda na sua intervenção Tatia acrescentou que, os médicos moçambicanos sempre se empenharam para melhor servir a nação moçambicana, mesmo quando as condições de trabalho exigiam sacrifício que vão para além do desgaste do corpo e da alma.
“Este trabalho muitas vezes é feito com enorme sacrifício e sentido de missão para salvar vidas e curar doenças. Muitas vezes faltam condições básicas para exercício minimamente aceitável da nossa profissão. Poucos pacientes não têm noção do esforço pessoal e até financeiro que os profissionais despendem para garantir a continuidade dos cuidados que lhe são prestados, assim como para garantir o nosso serviço nacional de saúde” Lamentou Tatia.
Por: Hermínia Mahumane