Um grupo armado fez uma sequência de cinco ataques a posições avançadas das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas entre os dias 15 e 17 em várias aldeias dos distritos a norte de Cabo Delgado, forçando os soldados a recuarem, relataram à VOA nesta segunda-feira, 19, moradores e fontes ligados aos incidentes.
Quatro destes incidentes foram reivindicados pelo Estado Islâmico, que diz ter morto 16 soldados moçambicanos.
O Governo ainda não se pronunciou.
Analista político admite que este pode ser um prenúncio de uma investida visível do grupo, após os assaltos de material bélico registados em Julho terem facilitado o avanço da “frente de Nampula”, com o ataque à missão católica em Chipende.
Uma fonte ligada ao incidente contou à VOA, que no início da noite de 15 de Setembro um grupo armado invadiu com armas pesadas uma posição que estava em implantação das FDS em Nkoe, no âmbito da estratégia de reforça de segurança após a desactivação, em Julho, da base terrorista de Kathupa, no distrito de Macomia.
“Foi um ataque rápido, mas tiveram resistência da força” moçambicana, disse a fonte na condição de anonimato.
Noutro incidente, a 17 de Setembro, o grupo armado invadiu uma posição do exército em Macomia e capturou armas e munições “após tropas sobrevivente terem fugido”, disse outra fonte local.
Jasmine Opperman, especialista em análise de dados de conflitos armados, escreve na sua página no Twitter que de “15 a 16 de Setembro foram confirmados quatro incidentes envolvendo confrontos entre insurgentes e forças de Segurança”.
“Os confrontos ocorreram em quatro áreas diferentes”, acrescenta a especialista que segue o conflito em Cabo Delgado, considerando por isso “um passo para trás” no aperto do fornecimento de armas, por o grupo ter conseguido capturar o arsenal das FDS.
O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba, que não tem comentado notícias sobre o chamado Teatro Operacional Norte, não respondeu de imediato o pedido de comentário da VOA.
Entretanto, o analista moçambicano Wilker Dias, que já tinha alertado para o risco dos assaltos às posições militares pelos insurgentes, observa que as novas investidas dos insurgentes contra as posições militares devem serem encaradas com preocupação.
“Isso deve ser entendido como um novo alerta”, sobre futuras intenções do grupo armado, diz Wilker Dias, insistindo que a captura do material bélico retarda o avanço conseguido pelas tropas estatais e estrangeiras que combate a insurgência em Cabo Delgado.
A insurreição, com inspiração radical islâmica, começou em 2017, deixando pelo menos quase mil mortos, segundo a ACLED e cerca de 870.000 desalojados.(Mz News)
De: Francisco Jovo