Políticos e analistas políticos moçambicanos dizem que a afirmação do Chefe do Estado, Filipe Nyusi de que grupos armados que actuam em Cabo Delgado estão a recrutar novos membros e a expandir-se para outras províncias cria desespero na sociedade e pode significar que o Estado está sem soluções para o conflito, que se pode estender a todo o país.
O estadista moçambicano defende que o país deve impedir a expansão de grupos armados para mais províncias, assinalando que “o terrorismo está na província de Nampula, depois de ter começado em Cabo Delgado, pelo que é preciso controlar este fenómeno, que tenta agora migrar para outras províncias”.
Para o porta-voz da RENAMO, na oposição José Manteigas, é lamentável ouvir esta declaração do Presidente da República “porque sendo ele o comandante-chefe das Forças de Defesa e Segurança e tendo informações graves como estas, ele devia anunciar as medidas para pôr fim aos recrutamentos e ao conflito em Cabo Delgado”.
José Manteigas, que é jurista também, acrescentou à VOA, que “esta declaração está a criar pânico a nível nacional e significa que os terroristas estão a alastrar-se a todo o território nacional”.
Por seu turno, o também analista político Manuel Alves diz encarar o pronunciamento do Chefe de Estado moçambicano de duas maneiras, a primeira, que o “risco de o conflito em Cabo Delgado se alastrar a todo o país é precário, na medida em que o terrorismo tem um alvo previamente definido”.
Na opinião daquele analista, a segunda maneira é que “ao termos deixado que a situação evoluísse até à dimensão em que se encontra, deixámos também o país vulnerável a cenários como estes em qualquer parte do país”.
Recorde-se que em menos de uma semana, os terroristas protagonizaram três ataques na província de Nampula, pela primeira vez, tendo, num deles, morto seis pessoas, entre elas uma irmã da Igreja Católica, italiana, de 83 anos de idade, destruído centro e saúde, escola e casas.
De: Francisco Jovo