O comércio entre as Caraibas e África é inferior a 1% do comércio externo de cada uma das regiões, mas tem potencial de 1,1 mil milhões de dólares, conclui um relatório apresentado quinta-feira em Bridgetown.
“Os números das trocas de bens e serviços são espantosos. Com as acções e redes certas, o comércio entre África e as Caraíbas poderia chegar até mil milhões de dólares [equivalente em euros]”, disse Pamela Coke-Hamilton, directora executiva do Centro de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês), uma agência multilateral sediada em Genebra, ao apresentar as conclusões do AfriCaribbean Trade and Investment Forum (ACTIF2022), a decorrer em Barbados.
Segundo o documento citado pela Lusa, que a responsável disse ser o primeiro do género, a África poderia ver aumentar as exportações para as Caraíbas em 170 milhões de dólares por ano até 2026, o que representaria um aumento de mais do que 50% face aos níveis de 2021, enquanto as Caraíbas poderiam ver aumentar as exportações em 80 milhões por ano, um aumento de quase um terço.
Além disso, as trocas de serviços representam grandes oportunidades: as Caraíbas têm o potencial de exportar serviços no valor de 500 milhões de euros para África, o dobro do valor das exportações de bens.
Actualmente, acrescentou Coke-Hamilton, a troca de bens entre África e as Caraíbas “é negligenciável e altamente concentrada numa mão cheia de bens e países”: nem 0,1% das exportações africanas foram para as Caraíbas em 2020, e o continente africano comprou menos de 1% das exportações caribenhas.
O comércio entre as duas regiões é menos diversificado do que as exportações de cada um para qualquer outra região do mundo, conclui o relatório.
Quase 70% das exportações de África para as Caraíbas são minerais primários e mais de 40% das exportações das Caraíbas para África são químicos.
Segundo o estudo, em causa estão os custos do acesso ao mercado – a falta de um acordo de comércio livre entre ambas as regiões significam que as taxas para alguns sectores são de 28% em média — assim como os custos dos transportes.
No entanto, o relatório sublinha que “o comércio Sul-Sul pode ser transformador”. Pode começar a reverter séculos de comércio de mercadorias não lucrativas e não processadas destinadas aos antigos mercados da era colonial”.
Em cinco anos, as duas regiões poderiam mudar significativamente as dinâmicas de exportação, com mais de 25% das exportações fluindo em cada direcção.
Os investigadores do ITC sugerem que a África e as Caraíbas deveriam incentivar o comércio de pequenas empresas, especialmente aquelas lideradas por jovens empreendedores e mulheres.
Sob o lema “Um Povo. Um Destino. Unir e Reimaginar o nosso Futuro”, o ACTIF2022 decorre até sábado em Barbados e visa fortalecer os laços económicos entre as duas regiões
De: Francisco Jovo